terça-feira, 25 de março de 2008

Censura não, nem vem!

É mais ou menos assim que vejo nosso surf, completamente abandonado!


Mês passado ocorreu um fato triste na mídia especializada nacional, quando o Alex Guaraná, editor RJ da Fluir, escreveu uma matéria incrível sobre os Top 45 de 2008 e foi questionado pela ASP, que não viu com bons olhos aquela matéria e se opôs as declarações do jornalista. Sem entender o porquê da entidade se opor ao direito de livre expressão da mídia, fiquei me questionando sem obter resposta alguma. Então resolvi questionar o porquê de muitas coisas no nosso surf, redigindo um e-mail para a redação da revista, em forma de protesto contra a atitude da ASP south america e de apoio ao veículo Fluir. Segue abaixo minha carta:

"Brothers da redação Fluir!!!

Fiquei sabendo da repercussão negativa da matéria Raio X dos Top 45 junto a ASP, por isso, venho por meio desta declarar meu total apoio à vocês, na defesa do direito de informação verdadeira que vocês nos passam como poucos neste país. Na real, acho sinceramente que são os únicos que apontam um milímetro da realidade do surf que nosso país vive. Temos que levantar as mãos aos céus e agradecer por termos um "Sílvio Luis" do surf, que é o Alex Guaraná, um cara que expõe a realidade para nós, meros espectadores. Eu pelo menos acho que os caras tem uma vida perfeita, pois não é qualquer um que pode viajar o mundo todo, surfando as melhores ondas do planeta e ainda receber uma grana para fazer isso, então, qualquer surfista ou profissional do surf que venha a se ofender com alguma crítica da imprensa, com certeza não liga a mínima para o surf nacional ou tem culpa no cartório. A real é que o surf nacional é muito pouco cobrado. O futebol, por exemplo, é cobrado em campo, nas arquibancadas, nas ruas, na imprensa, enfim, neguinho não fez por merecer, tá lá um torcedor com uma nota de 1 pila na mão esfregando na cara do cidadão e gritando o que quiser ao lado do ônibus depois do jogo. Não interessa se é atleta, técnico ou dirigente. Aposto o que vocês quiserem que se a galera que acompanha o surf assiduamente encontrasse os manda-chuvas do esporte por aí, certamente moedinhas de 1 centavo rolariam valendo. Porém, hoje em dia o surf é visto pela grande maioria do povo, simplesmente como um passatempo de final de semana. Então façamos alguma coisa para mudar isso, pois assim continuará sendo, até que alguém prove o contrário, que não, o Brasil é um país com surfistas de alto nível e podem sim lutar por seu lugar ao sol no cenário mundial. No entanto, enquanto os figurões continuarem tapando o sol com a peneira, passando a mão na cabeça dos caras e ainda engolindo sapos dos gringos, seremos somente um paizinho tropical fabricante de coadjuvantes e grandes festas. Sim, por que quando se fala em Brasil no circuito mundial, logo lembra-se das grandes festas, mulheres, etc. E onde estão esses figurões, tão cheios de razão e "moral" para querer se opor a uma matéria real da imprensa, quando os gringos cagam na nossa cabeça? Onde eles estavam quando o Jake Paterson fez este infeliz comentário: ''Os brasileiros ainda estão na área de competidores? Deve estar rolando uma comida de graça ou algo assim. (risos).''??? E quando o bandido do Sunny Garcia partiu pra cima do Neco Padaratz no Pipemasters do ano passado, atitude que até agora não foi julgada e muito menos condenada de forma veemente pela ASP (sim, por que a punição aplicada foi uma piada, né?). Onde estavam os brasileiros que nos representam na entidade esta hora??? Quer mais? Na Surfer do mês passado tem uma entrevista com a Maya Gabeira, onde o infeliz (não lembro o nome) do entrevistador comenta que quando o cara vai mal na água, é zoado com: "You surf like a Brazilian" (Você surfa como uma brasileiro). Ou seja, se o cara é um baita prego, é brasileiro... Além de não fazerem NADA, deixam nosso surf virar uma bagunça generalizada, com uma politicagem absurda praticada pelos figurões, que visam exclusivamente sua imagem frente ao mundo, menos ao Brasil. A falta de critério no julgamento dos nossos atletas nas baterias, a falta de incentivos do mercado, a descriminação das marcas poderosas com nossos atletas, ondas e tudo mais. Folheamos uma revista gringa e não podemos ver a cor da prancha dos surfistas, de tanto patrocínio que eles tem. Claro, seus representantes os apóiam e trabalham pelo crescimento e amadurecimento do surf (informem-se sobre o Official Program os Surfing America). Po galera, em 2001 éramos a 3ª potência do surf mundial e com chances reais de termos um campeão. E hoje, o que nós temos??? Temos 6 representantes lutando para se manter pelo WCT e conseguindo a trancos e barrancos, 18º lugares nos campeonatos. É culpa deles? Sim, com certeza, mas não é só deles não, é de todo mundo, é nossa por não cobrar mais, é da imprensa por não cobrar mais e principalmente, é dos figurões por não apoiarem em NADA!

Então Fluir, estou com vocês, a matéria do Alex foi uma das melhores que já li na vida. Na gringa, os caras falam o que querem dos nossos surfistas e ninguém vai lá meter pau neles. Tem um babaca na Surfline que fala mais merdas do que os cavalos cagam no desfile de 7 de setembro e nunca vi algum figurão da ASP repreender ele. Aqui o cara fala a real, algum bonito se ofende e sai querendo censurar. Sem chance!!! Por favor Alex, Kiko, Steven, Adrian, Bocão, Fred e todos outros profissionais da mídia surf que lerem esta, tomem o Jorge Kajuru de exemplo no futebol e apliquem suas técnicas para o surf. Talvez assim, algum alguém acorde e acabe com esta prostituição barata do nosso surf. Altas ondas pra galera de bem! Grande abraço,

Ígor Maciel"

E a questão continua no ar. Quem defende nossos interesses? Quem defende nosso surf? Quem defende nosso mercado? Será que sempre que alguma verdade sobre o surf brasileiro for exposta, haverá repressão? Espero, de coração, que não. Nosso surf merece muito mais que isso, merece ser coordenado por pessoas que o defendam e não marionetes do sistema internacional que move o esporte.

Pensem nisso e deixem sua opinião nos comentários.

Aloha e altas ondas sempre!

Ígor Maciel

quarta-feira, 19 de março de 2008

Nas páginas da Fluir


Nada melhor que começar a juntar material para montar o clipping da Coluna Swell do que uma exclusividade nas páginas da revista Fluir? Perfeito hein?!

E é isso mesmo galera, pois neste mês, além de conferir a cobertura completa da temporada Havaiana com matérias alucinantes e um DVD irado do Mick Fanning, vocês podem conferir a nossa Coluna Swell está absoluta na Conexão Net da edição 269 (março/2008), na página 122.

Então não percam tempo e corram agora mesmo pra banca mais próxima e compre sua Fluir!

Aloha galera e altas ondas sempre!!!

Ígor Maciel


terça-feira, 4 de março de 2008

A brincadeira começou


A primeira etapa do WCT 2008 acabou ontem nas direitas sem fim de Snapper Rocks, na Gold Coast australiana e adivinhem quem levou? Não, o Mick ficou em segundo. Quem levou a etapa foi o careca da Slaterândia, um planeta de super atletas carecas que vencem quando querem qualquer campeonato de surf em toda a galáxia. Escrevi esta matéria antes do término da etapa, pois os Cooly Kid’s estavam todos nas quartas de final, era quase óbvio que o Mick levaria a etapa em casa e tudo mais, tava tudo no esquema, mas meu sentido surfístico mandou esperar, pois o careca ia aprontar. Não apenas por ser fã incondicional dele. Ou talvez sim. Mas precisava esperar a etapa acabar para soltar minha idéia e aqui está ela: Quem leva o título do WCT 2008?

Com toda sinceridade, acho que o Slats leva qualquer etapa, em qualquer onda, com qualquer idade! E não sei até quando, mas se quiser, vai longe ainda. Se ele quiser, ganha os 10 títulos mundiais sorrindo. E se quiser mais, ele vai ganhar. O cara pode estar com 30 e lá vai pedrada, porém a união de sua forma física, poder mental, habilidade e experiência, o tornam o único surfista capaz de vencer o que quiser e quando quiser. Então se o careca da Slaterândia quiser vencer o WCT 2008, ele ganha e ninguém pode impedi-lo. Não digo isso apenas por ser fã do cara, mas por ser heavy user do surf há muito tempo e ver apresentações de gala, quando menos se espera, lá vem o Slater roubar a cena do mundo surf, como quem tira doce de uma criança.

Talvez, o único que pode incomodar um pouco, desestabilizar a competição do Slats e brilhar algumas vezes no confronto direto, seja o Andy Irons, pois o cara surfa muito, tem um poder quase único de estressar o adversário dentro da água e uma frieza que chega assustar. Mas pode só incomodar mesmo, pois se o Slater quiser, vence ele. Ontem vimos isso, Kelly Slater 17.00 x 10.94 Andy Irons, numa boa onda de frontside. A única coisa que o Irons faz realmente bem é ficar enfurecido quando perde e pegar o primeiro vôo pra casa.

É óbvio que não poderia deixar de colocar o lighting australiano, Mick Fanning, que fez final contra Slats, em casa, mas não teve força o suficiente pra segurar o cara. O Mick é um atleta exemplar, todos sabem de sua saga para conquistar o WCT 2007 e foi lindo de ver, sua dedicação em busca do objetivo foi contagiante e serve de exemplo de determinação para todos nós, admiro muito a forma como o Mick venceu ano passado. Porém, ouvi dele próprio em entrevista lá na Vila, ao término da bateria que o deu o título, que “não sei como o Kelly venceu 8 títulos mundiais, isso é muito difícil”, ou seja, ele tava apavorado, toda aquela concentração e entrega o deixaram assustado, mas com o título nas mãos. Acho sim que se quiser consegue vencer novamente, é um grande competidor e um excelente surfista. Mas se o Slater quiser o título, ele vai ter que redobrar sua dedicação.

Muitos amigos apostam no Joel Parkinson, mas sinceramente, não acho que esteja pronto ainda. Falta foco e garra pro Parko vencer um título mundial, ele é um baita surfista e tem surf pra tal, facilmente, mas não me convence, pelo menos hoje. É um cara estabilizado, com uma bela família e um surf muito perfeito, fluido e poderoso, mas falta a gana que o Slater e o Irons tem ao natural ou então a total entrega ao objetivo que levou seu amigo Fanning à conquista ano passado.

E correndo por fora, aliás, sempre correndo, vem o Taj. Na real, ele pode vencer algumas etapas, é um grande surfista, mas seu surf porra loca não o eleva a outro patamar, o de campeão mundial. Falta muito pra isso, não falta surf, em hipótese alguma, mas falta estratégia e concentração. O Taj é um cara irado, gente boa pra caramba, sempre alegre e curtindo e é isso que ele faz na água, curte.

E se me pedissem para apostar algumas fichas em algum surfista que possa figurar entre os Top 5, vencer algumas etapas e tal, eu colocaria Bede Durbidge, Dean Morrison, Bobby Martinez e Kai Otton. Além é claro, de sempre reservar algumas para os “novatos” Dane Reynolds e Jordy Smith.

Entre os brasileiros, coloco fichas no Pedra, por sua categoria, Léo Neves, por sua garra e Mineirinho, por sua qualidade e vontade demonstradas do final do ano passado e nesta etapa já. Ainda levo muita fé no Neco e deposito muita esperança no Heitor. O Jihad que ainda não tenho uma opinião formada sobre sua participação.

A buzina já soou e o careca da Slaterândia levou a primeira etapa com méritos, aliás, muitos méritos, com scores e apresentações espetaculares. Façam suas apostas, pois o ano promete. E não esqueça que todas etapas do circuito mundial passam ao vivo na internet, acompanhe, torça, comemore, etc, pois a brincadeira começou.

Aloha e altas ondas sempre!

Ígor Maciel
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