O Surf enquanto business

O anúncio deste campeonato de skate na Suécia, patrocinado pela Quiksilver, ilustra bem o foco da matéria, com esta caveira sinistra sangrando e em chamas.

Há algumas semanas atrás resurgiu a notícia de que a Nike estaria interessada em comprar a Quiksilver, o que não era novidade, já que a coisa toda vinha sendo especulada desde final do ano passado pelo DealBook, blog oficial do jornal americano The New York Times. A maior marca esportiva do mundo adquirindo a maior marca de surfwear do planeta. Na ocasião, cogitei ser mera especulação, jogada de marketing, tática de ação mercadológica, sendo que as ações da marca australiana aumentaram em 72% assim que a provável fusão fora anunciada. Ou apenas mais um exemplo da grande tendência mundial, onde gigantes engolem enormes, que por sua vez traçam pequenos, a exemplo da própria Nike, que adquiriu a Hurley, entrando no mercado radical do surf e skate, após anos de cobiça. Nos Estados Unidos esta tendência já é realidade, onde tu podes encontrar uma mesma “farmácia” gigante em Nova Iorque, Los Angeles, Miami ou Chicago, assim como lojas de departamento, supermercado, etc. Aliás, no mundo esportivo isso já vem sendo comum - a inglesa Umbro foi vendida à Nike e a Reebok agora é da alemã Adidas.

Seguindo esta tendência, a notícia poderia ser um fato real a se concretizar, ainda mais em meio as turbulências da crise financeira mundial, onde vemos grandes marcas de surfwear pedindo água e não tendo como manter sua estrutura. Um exemplo é a Reef, que não conseguiu renovar com seu maior atleta - Top 10 WCT Bobby Martinez - além de outros vários atletas perdendo grandes patrocínios. Mas ainda assim, por se tratar de Quiksilver, achei pouco provável da venda se confirmar, mesmo tomando conhecimento de algumas furadas da executiva da marca, onde poucos lucraram muito, deixando um grande rombo no geral. Ainda assim preferi acreditar que a marca não se tornaria apenas mais um “brinquedo” da Nike.

Bom, o resultado é que, a Quiksilver enxugou aqui, encolheu ali e conseguiu superar a assombração, mas estas jogadas custaram a venda de sua principal marca de skate, a DC Shoes e a demissão de um grande número de funcionários (como vem ocorrendo frequentemente com grandes companhias ao redor do mundo). Porém, aí entra minha análise, que fora citada logo após a ocorrência da notícia e, modestia a parte, foi certeira. Mesmo eu não tendo conhecimento de valores e números reais, e tendo me baseado apenas em notícias para o argumento, podendo assim estar completamente enganado, acho que a notícia gerou realmente o impacto desejado, querem ver?

1. A Quiksilver conseguiu criar um cenário favorável, onde pode demitir não sei quantos funcionários e sair como "coitada" da história. Ou seja, economia em meio a crise.

2. Encontrou um comprador para sua marca de skate, uma das maiores do segmento, a DC Shoes (e deve ter vendido por um preço beeem razoável), mas mantendo sua linha skate e seu principal patrocinado, Tony Hawk. Ou seja, ganho real em meio a crise mundial.

3. Conseguiu uma supervalorização de 72% nas primeiras horas de anúncio da provável "fusão". Ou seja, ganhou imagem em meio a crise econômica mundial.

Então qual foi o resultado final, galera? Ou tudo isso foi um golpe de sorte, onde o CEO e a executiva da marca estão aliviados neste momento, ou então, o que prefiro crer e elogiar muito, foi um golpe de mestre e de marketing da Quiksilver, tirando enormes vantagens para marca em meio à turbulência (notem em “vantagens para marca” não estão em questão as demissões em si, mas analisando lado financeiro, business), continuando a imperar entre as maiores companias de surfwear do mundo, mesmo estando mais fraca no atual cenário e não sendo a Top One do mercado. Mas continua sendo a Quiksilver, patrocinadora exclusiva do eneacampeão mundial Kelly Slater e de seus tantos “young guns” (Dane Reynolds, Jeremy Flores, Clay Marzo, etc).

O marketing pode não ser mágico, mas é um grande ilusionista!

Abraços e altas ondas galera!

Ígor Maciel
http://www.colunaswell.blogspot.com/