quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Pra onde vão nossos talentos?

Temos mais um Campeão Mundial Pro Junior, então uma salva de palmas e reverência ao nosso atual e bi mundial, Pablo Paulino!!!
Em 8 anos de competição, o Brasil trouxe 4 vezes o caneco do Billabong Pro Junior, entre eles, um record com o Pablo, sendo bicampeão, se igualando a ninguém menos que o australiano Joel Parkinson. E não pensem que é um campeonatinho qualquer, fácil de correr, muito menos de vencer.. É peleia da braba, brother!!! Os aussies tem todo aquele foco, garra e determinação desde o berço, então brasileiro chegar lá e vencer é complicado. Mas mesmo assim, temos 50% dos títulos disputados, sendo 1 do Pedro Henrique, 1 do Adriano de Souza (Mineirinho) e 2 do Pablo Paulino.

Bom, sendo assim, concordam comigo que teríamos que ter ao menos um brasileiro figurando entre os Top 5? Tudo bem, sejamos mais realistas, um Top 10 então. Mas não brothers, há tempos não vencemos uma etapa (mais exatamente, 5 anos), não figuramos entre os primeiros. Não consigo entender o que está acontecendo com o surf brasileiro, ou melhor, com o surf competitivo brasileiro. Procuro explicações em todos os lugares, mas não as encontro. Leio reportagens, depoimentos, opinões e tudo mais e cada um aponta um responsável. E não é falta de dinheiro coisa nenhum, os Top 45 do ano passado, pra vocês terem uma idéia, o que ganhava menos grana de todos eles, embolsava por mês, quase 10 mil dólares do patrocinador. Isso sem contar premiações, bônus, etc. Vão me dizer que isso não sustenta o cara pra viajar o mundo e treinar atrás de resultados.

Um dos motivos de não nos darmos bem em competições é que MUITOS dos caras mais irados hoje, estão surfando de free por aí, inovando, acompanhando o desenvolvimento do surf, e tal. Poderia ficar horas citando grandes nomes no free surf brasileiro, caras que surfam muito e lutam pra se manter como profissional no esporte. Porém não disputam campeonatos, ficam correndo o mundo atrás de ondas perfeitas e se aperfeiçoando, e isso é IRADO, queria eu poder (e ter surf) pra fazer isso!!! E as empresas apostam nisso hoje em dia também, mas tu tem que ser ninja, tem que dar resultado, cumprir teus compromisso, etc, mas claro, sem "aquela" pressão! Eles até podem correr campeonatos, mas hoje, são feras demais e estão se divertindo com o surf e a empresa apóia e aposta nisso. Eu estava assistindo ao Blue Horizon e o Rasta disse, “fui na Billabong nervoso, para propor à eles que me pagassem apenas para surfar ondas perfeitas pelo mundo todo e eles disseram que era isso mesmo que queriam de mim” fiquei de cara, imaginem. É o que muitos grandes surfistas brasileiros estão fazendo hoje em dia e acho que com toda razão. Pode ver, free surfer está sempre em fotos nos picos irados, Hawaii, Indo, Chile, México, Aus, etc. Já os tops só vão pra esses lugares quando tem evento.

Enfim, se neguinho não quer dançar conforme a música da ASP ou Abrasp (que até onde eu sei, são uma palhaçada), vão correr o mundo atrás de ondas perfeitas mesmo, estão mais do que certos, só que tem que ter surf no pé, não surfzinho meia boca que nem o apresentado no WCT ultimamente, com raríssimas exceções. Agora, se é pra se sujeitar às regras do jogo, coloquem o livrinho da ASP debaixo do braço, o surf afiadinho no pé e façam por merecer os salários de 5 digitos, em dólar ainda por cima.

Sou 100% surf brasileiro, acho que temos grandes surfistas, uma boa história pra contar e temos sim apoio das marcas apoiadoras (até pouco tempo pensava o contrário, erroneamente), pois vejam a Mormaii, por exemplo, que é 100% daqui, quantos caras irados eles tem? Os que lembro de cabeça: Julio Terres detonando geral com várias temporadas havaianas, representando a nova geração. Marco Giorgi arrebentando em todos tipos de onda, com os melhores picos do mundo no currículo. Guilherme Tripa com seu surf aerilista e moderno, voa de tudo quanto é jeito e até inventa manobra aérea, e agora conquistou seu espaço na mídia, pois seu programa está em pauta na grade da Sportv em 2008. E é claro, dois Top WCT, Neco Padaratz e Heitor Alves e o apoio a grandes nomes das ondas gigantes, como o Pato e o Burle. Fora os outros tantos que não citei (desculpem, citei um de cada "estilo"). Então, apoio tem sim!!! O que falta é vontade, garra, determinação e principalmente foco pra galera que está lá competindo e nos representando. Não quero um campeão mundial pra daqui 3 anos (claro que quero, mas sejamos realistas), quero sim é um ou dois caras figurando entre os Top 5 pelo menos e os outros entre os Top 16, no mínimo!!!

Espero de coração que isso mude e tenho esperanças que poderá mudar sim, inclusive para 2008, com os caras que estão nos representando. Vamos ver, tomara!

Grande abraço a todos e altas ondas sempre!!!

Ígor

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Surf brazuca #08

Saudade desse tempo, desses caras.. uuhhuuuu


Para começar o ano de 2008 bem, nada melhor que o Pablo Paulino vencendo mais um Mundial Pro Junior, igualando ao record do australiano Joel Parkinson, sagrando-se sendo bicampeão. Após a oitava edição do campeonato, o Brasil trouxe seu 4º título, vencido antes pelo Pedro Henrique, Adriano "Mineirinho" e pelo próprio Pablo Paulino. É uma pena que os resultados não reflitam no WCT, onde ainda estamos, ao meu ver, muito longe de ter um campeão.

Mas falando em WCT, teremos um número menor de representantes se comparar aos outros anos, com apenas 6 atletas em 2008. Porém, desde o tempo que tínhamos Fabinho Gouveia e Teco Padaratz na elite, minhas esperanças de bons resultados não vinham a tona como neste ano que começa, pois a confiança na equipe que correrá o Tour deste ano é plena e creio que possamos figurar entre os Top 10 em 2008 e por que não, buscar alguns pódios e até eventos.

A começar pelo nosso maior nome no surf mundial em 2007, Rodrigo "Pedra" Dornelles, que finalizou com um 18º irado, após apresentar um surf completo, radical e poderosos em todos os tipos de ondas do tour, sendo que estava buscando know-how em muitas delas, então podemos esperar um ano glorioso do nosso Pedra. Além é claro de vir embalado de um 3º lugar no ranking geral do WQS, desbancando muitos nomes de peso que lutavam pelo lugar no CT, ou seja, o Pedra merece duas vagas, rsrs.

Outro destaque no WCT 2007, ao menos para mim, foi o Neco Padaratz, simplesmente por sua atitude louvável frente a situação acontecida no Pipemasters, onde ao mesmo tempo em que servira de exemplo para a geração mais nova, evitando cenas de violência, ele manda embora do evento e do WCT um dos maiores nomes do surf mundial.. No surf, fez seu papel direitinho, mas é claro que poderia ter feito muito mais, pois o Neco é o Neco e sempre podemos esperar uma grande apresentação daquele maluco.

O Léo Neves correu seu primeiro ano no WCT com uma vontade contagiante, uma garra alucinada e um surf poderoso, conhecendo os picos, interagindo com as ondas e mostrando à que viera e com certeza poderá ser um dos nomes a figurar nos títulos da mídia em 2008. Claro que precisa evoluir muito ainda para que os resultados apareçam valendo, mas se mantiver o foco que tem demonstrado, podemos esperar coisas boas dele.

Adriano Mineirinho é um nome que normalmente gera polêmica, pois fora apontado pela mídia como possível primeiro brasileiro campeão mundial. Ele tem surf para isso, porém ainda está em fase de aprendizagem e amadurecimento, ao meu ver. Ele fatura muitas etapas e boas colocações, quando disputadas em ondas pequenas e medianas, porém peca muito em ondas grandes e pesadas. Está buscando aprimoramento neste quesito, mas acho que poderia buscar ainda mais. Mas conseguiu se manter na elite para correr o WCT 2008, o que é muito bom para pegar bagagem e prospectar pódios e boas colocações.

A novidade mais irada para mim, é a presença do Heitor Alves, um grande surfista que vem com tudo, com gana vitoriosa. Surfa muito e quer resultados, até onde vi ele competir, podemos esperar um ano semelhante (ou até melhor) ao do Léo Neves em 2007. Talvez por ser o primeiro ano, pode não ter grandes resultados, mas vai evoluir MUITO em 2008 e nos trazer alegrias ainda. Só não pode deixar a peteca cair e estar sempre motivado e isso a Mormaii faz bem. Aliás, parabéns à Mormaii, dois representantes da marca no Tour 2008, frutos de um trabalho bem executado!

E nosso outro representante é o Jihad Khodr, que se posicionou bem no WQS, garantindo sua primeira participação no WCT. Infelizmente, situações ocorridas com ele no final de 2007 podem pesar um tanto neste ano, pois ele perdera o título brasileiro na justiça, após negar-se a fazer o exame anti-dopping ao final da última etapa do Super Surf, no Rio de Janeiro. Com isso, Jihad perdeu muita credibilidade, talvez por falta de apoio ou orientação, o que lhe custou, além do título, o patrocínio principal da Quiksilver, que não renovou com o atleta para 2008, mesmo ele tendo conquistado vaga para o WCT. Infelizmente, Jihad fez tudo errado, não teve suporte firme para decisões importantes e acabou cavando sua própria cova. Péssimo pra ele, porém bom para a profissionalização o esporte, que vê um atleta de alto nível pagando a altura por seus erros e faltas.

Outra notícia boa é a realização de mais um WCT Brasil nas águas da Vila de Imbituba, pois com aquele show de ondas, considerada pela maioria dos Top 45 o melhor evento da temporada 2007, garantiu a realização do campeonato por mais um ano. Isso é bom pro Brasil mostrar pra gringaiada que temos sim ondas iradas e ainda por cima, é nas nossas águas onde tudo se decide!!!

E é claro que não poderia deixar de citar nossas duas mulheres maravilha, Silvana Lima e Jacqueline Silva, que vem com tudo, após grandes resultados em 2007, para perseguir e quem sabe alcançar o tão desejado título mundial da ASP, feito já conquistado no longboard e defendido este ano pelo nosso brother Phil Rajzman.

É isso aí galera, podemos esperar um grande ano pro surf brasileiro. Vamos torcer muito, ter fé nos nossos atletas e nas nossas ondas!!!

Ah, essa minha análise rendeu elogios de um grande nome do surf brasileiro, ninguém menos que o editor da Revista Fluir, Alex Guaraná. Valeu Alex, é irado ter o trabalho reconhecido.

Grande abraço a todos e tenhamos um 2008 glorioso no surf e na vida!

Aloha e altas ondas sempre!