Isso é apenas uma demonstração que a busca pela onda perfeita continua e não só pela ASP e seu circuito profissional, é o eterno desejo de qualquer surfista e agora também de empresas, governantes e milionários de surfar ou proporcionar (e ganhar muito dinheiro, óbvio) o surf em ondas perfeitas. No Brasil existe projeto em estudo por professores e alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para criar um fundo artificial na Praia da Macumba, que seria capaz de alterar o tamanho e a forma de arrebentação das ondas no local, dando qualidade as ondas dos diferentes swells que atingem o pico. Especulou-se também da criação de um fundo na praia de Buiçananga, em São Sebastião, SP, junto ao IPDRAM (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento de Recifes Artificiais Multifuncionais), porém ficou pelo ar o assunto.
No mundo já existem fundos artificiais, como na Gold Coast Australiana, onde dragas sugam a areia do fundo de um canal e o devolvem para o mar através de grandes tubulações, o que dá um “revertério” no fundo, criando o superbanks de Snapper Rocks e formando uma série absurda de direitas perfeitas, muitas direitas pra tudo quanto é canto, hahaha. Não chega ser um fundo artificial, mas é uma forma que surgiu meio sem querer ao solucionar o problema do canal e que acabou formando uma bancada alucinante, sendo o paraíso dos regulars.



A esquerdinha funcionando na NZ - Foto: mountreef.co.nz
Agora a Europa quer entrar na onda do fundo artificial, colocando sacos de areia próximos ao píer de Boscombe, no sudoeste da Inglaterra. O projeto já foi aprovado e o pico deve ficar pronto até outubro deste ano e terá acesso gratuito, como Snapper, pois se trata de praia. De acordo com os estudos, o pico deverá receber direitas perfeitas de até 9 pés, dependendo do swell. E como “a Rainha” quer por que quer ter um representante na elite do surf mundial, no início do ano a BBC Londres noticiou que a empresa de esportes radicais Venture Xtreme quer construir uma máquina de ondas perfeitas em pleno rio Tamisa, ao leste de Londres. O pico terá praia artificial com capacidade para 200 espectadores e tudo mais. As ondas podem variar de 3 a 9 pés, dependendo do nível dos surfistas, intercalando por séries, conforme a programação da máquinas. O custo do projeto gira em torno de 20 milhões de libras (+- R$ 70 milhões) e tem previsão de ficar pronto em 2011 e qualquer um pode surfar lá, pagando a bagatela de 30 libras (+- R$ 120) por hora de banho.
"Tudo sobre esta experiência é falso, mas a diversão é real", disse o diretor da Associação Britânica de Surfe, Duncan Scott, ao jornal britânico The Guardian.

Projeto das ondas artificiais no rio Tamisa. Imagem: Barker And Coutts Architects
Já existem outros picos com ondas artificiais pelo mundo, como os famosos flowriders, que criam a sensação de deslizar sobre a água, não exatamente uma onda, mas uma diversão válida, que é bem comum em estados americanos sem praia, como Ohio, Minnesota, Missouri, Texas entre outros, e até mesmo em grandes navios de cruzeiro, sendo mais uma atração ao lado de cassinos, grandes shows e grandes festas.

Flowrider no Water Park of America, em Minnesota, USA
Flowrider no navio Royal Caribbean Cruiseliner, Freedon of the Seas
Além é claro, a clássica Wave House, em San Diego, na Califórnia, que cria um tubo irado pra esquerda, com uma pressão assustadora da água que faz o cara decolar (ou rolar) legal. Não é perfeitamente “surfável”, mas vale uma baita diversão pelo custinho de 40 doletas a hora de banho, ou de tombos. Já ouvi falar também que um shopping em Durbin, na África do Sul, criou uma Wavehouse semelhante à de San Diego, porém com direitas perfeitas, mas como a divulgação é muito pouca, não consegui obter maiores informações a respeito.

Wavehouse San Diego, Califórnia
Mas a onda artificial mais impressionante e perfeita, onde pode-se surfar mesmo, dropar, alucinar numa parede em movimento e tal, fica na Malásia, em Kuala Lampur, no parque Sunway Lagoon, que inclusive foi palco do festival Quiksilver 2.0, que rolou no último sábado (26/01), reunindo muito surf, tow-at (uso de jet-ski para dar velocidade ao surfista em ondas pequenas), skate, vôo livre, shows musicais e também de alguns dos melhores surfistas do mundo voando baixo nas ondas da piscina mais irada do planeta (ao menos que eu conheço, hehehe).
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Troy Brooks de superman no Sunway Lagoon – Foto: Divulgação Quiksilver

Josh Kerr voando alto na Malásia – Foto: Divulgação Quiksilver
E agora tem mais uma novidade, que descobri essa semana, com o meu brother Lohran, lá da comunidade Fluir, descobriu e me passou (boa Lohran, valeu brother). O shaper australiano Greg Webber apareceu com uma idéia meio maluca, mas irada. O projeto seria a construção de uma piscina em forma de O com uma série de ondas percorrendo o percurso. A piscina comportaria até 100 surfistas por vez com muitas ondas na série. O que deixa a desejar um pouco é o tamanho, mas mesmo assim é irado. Conheçam o projeto no site dele: http://www.liquidtimepools.com/.
Confira o vídeo do projeto:http://www.youtube.com/watch?v=tdv0_EC6BsU&eurl=http://www.liquidtimepools.com/videos.html
Claro que toda essa evolução do surf implica em muitas considerações que pesam aos surfistas, como a consciência ecológica, pois não sabemos até onde essas mudanças no fundo natural das praias afetará o ecosistema do lugar. Ou quem sabe ele até possa melhorar a vida marinha do pico, como aqui no RS que é fundo de areia liso, criaria um novo habitat e enriqueceria o ecosistema do lugar. Ou então que o surf em ondas artificiais vai contra a eterna proposta do surfista de alma, que é a busca por ondas perfeitas e que perde-se muito do contato com a natureza, do feeling que só o surf proporciona e tudo mais. Eu, por exemplo, sou um surfista de alma total, amante da natureza e deste feeling, do surf clássico e tudo mais, porém moro a 120km da água salgada mais próxima e o pico ainda pode ser considerado de nível baixo, pois é fundo de areia com raras bancadas e normalmente a condição é storm e água fria, por ser muito ao sul e ter a costa sem quebras. Então, apesar de toda comunhão com o surf de raiz, ficaria amarradão em ter uma surf pool por perto de casa ou então de uma máquina de bagunçar a areia do fundo ou então sacos de areia no píer de Tramandaí.
Acho que a evolução do mundo trará essa criação de boas ondas naturalmente e será cada vez mais comum e como em quase tudo na vida, tem seu lado bom, assim como seu lado ruim e ambos devem ser considerados. Mas nenhum surfista se negará a pegar altas ondas onde quer que elas estejam, isso é fato.
E você, o que acha disso tudo? Deixe seu comentário sobre o assunto que é irado e tem pano pra manga.
Grande abraço e altas ondas sempre!!!
(Galera, foi mal pela demora de uma nova matéria, mas esta deu trabalho para pesquisar e juntar material. Mas ficou IRADA!!! Curtam...) E desculpa a falta de configuração do texto, mas o blogger é meio tosco mesmo. Abração.
3 comentários:
Excelente post Igor, como vc mesmo disse ficou irado.
ACho que a criação de fundos, desde que não acabe como ecossitema local, é uma iniciativa válida. No projeto da Macumba por exemplo, a criação do fundo ajudaria a conter a erosão na areia que inclusive já detonou alguns quiosques da orla. Além disso se mostra necessário uma vez que a população de surfistas cresce muito e o surf se torna um esporte cada vez mais praticado no mundo. Acho que ajudaria a espalhar o crowd além de melhorar a qualidade das ondas.
Abração e boas ondas
MELHOR MATÉRIA JÁ FEITA POR VOCÊ AQUI NA COLUNASWELL!!
Parabéns brother, ficou muito bem escrita e bem distribuída geograficamente.
Certamente, você teve um árduo trabalho ou pesquisar o que cada fundo artificial proporcionaria aos surfistas, valores de projetos e todas as informações que você conseguiu nos passar.
Sobre aceitar, ou não, uma piscina de ondas para surfar, visto que somos surfistas de alma e gostamos do contato com a natureza vou mais longe que você...cara, eu moro a mais de 600 km da praia mais próxima, você acha que eu não gostaria de uma dessas aqui pertinho? É óbvio que sim...seria, inclusive, a favor de implantarem uma máquina de ondas aqui no laguinho da cidade. Hahahahahaha.
Ah, não poderia deixar de agradecer pela lembrança feita a minha pessoa como "ajudante" no que diz respeito à maquina de ondas idealizada por Greg Webber.
Acho que vale a pena acrescentar uma piscina de ondas, mais pela sua fama do que pela sua perfeição em ondas, chamada Typhoon Lagoon, a famosa piscina de ondas da Disney.
Então é isso Ígor, sua matéria ficou ótima!
Abraços,
Lohran.
Igor,
Como deves ter percebido tenho andado ausente do meu blogue. O motivo é, coincidentemente, o mesmo deste post: desde dezembro/2007 estou negociando para ser o representante para o Brasil da Wave Loch (www.waveloch.com). Posso adiantar que existem vários proetos em estágio bem avançado no sentido de instalar algum dos produtos deles por aqui. E adianto que entre os vários produtos, há um, mais novo, cujos testes com surfista + prancha de surfe real, já foram feitos e aprovados. Chama-se Flying Reef e posso garantir que além de revolucionário, é a única alternativa de onda artificial que efetivamente vai oferecer uma experiência próxima àquela que se tem no mar.
[]s
GM
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